Expectativas, choque de realidade e o ano de 2014
Do ponto de vista econômico, o ano que ora se encerra, apresenta resultados mais modestos do que os previstos no final de 2012. Baseado na esperança e na ciência econômica, havia uma expectativa de crescer próximo a 3% em 2013. Não ocorrerá. O crescimento será pouco superior a 2% e é derivado de uma política econômica chamada, pomposamente, de Nova Matriz Econômica, em vigor desde agosto de 2011 e que tem produzido mais calor do que luz.
A combinação de juros menores, câmbio mais desvalorizado, expansão do crédito, liderada, a partir deste ano, pelos bancos públicos, continuidade da elevação de salários acima de sua produtividade, menor superávit primário, em decorrência das desonerações fiscais e aumento dos gastos correntes do governo, somada com a redução do preço da energia elétrica realizada via aumento de dívida pública, produziu forte aumento do consumo, cuja maior parte vazou para as importações; uma inflação persistentemente elevada (próxima a 6% ao ano) e, ultimamente, manipulada pela contenção dos preços dos combustíveis, das tarifas de transporte público e por desonerações fiscais.
O saldo da balança de comércio praticamente sumiu, agravando o déficit externo, que atualmente retira 1,2% da taxa de crescimento da economia brasileira. As contas públicas estão sob pressão e em uma trajetória insustentável.
Com tantas intervenções, baseadas em regras temporárias e equivocadas, a desconfiança cresceu, o investimento recuou, o que afetou a taxa de crescimento da economia. A média de crescimento dos anos do governo da presidente Dilma está em torno de 2% ao ano, considerando uma estimativa de crescimento de 2,2% em 2013.
Com a população crescendo em torno de 1% ao ano, o crescimento médio do país é pífio e afetou as expectativas em relação ao futuro próximo. O choque de realidade, que poderíamos chamar de choque de racionalidade, consiste simplesmente no que hoje é consenso, exceto para o governo: precisamos de programas de estímulos aos investimentos, que passa pela produção de um ambiente de negócios sem incertezas regulatórias (a decolagem das concessões são a prova disto); reversão das políticas econômicas que primam em não respeitar os limites fiscais do país; combater de forma crível a inflação, fazendo-a convergir para a meta de 4,5% ao ano e retomar as tão sonhadas reformas institucionais pendentes para aumentar a competitividade da economia.
Parafraseando Larry Summers, “a confiança é sempre a melhor maneira de impulsionar o crescimento”. Se além do discurso houver uma sinalização clara desta política, 2014 poderá ser o marco da retomada sustentada de um crescimento econômico robusto, em um ano de muitas incertezas globais. Insistir no que não deu certo agravará os problemas existentes, tornará o país mais vulnerável e um ajuste forçado ocorrerá, talvez desordenadamente nos próximos anos.
Que a racionalidade econômica e o pragmatismo prevaleçam sobre a ideologia e o voluntarismo.
Luis Carlos Yllana Kopschina
Assessor econômico da ACI-NH/CB/EV