As surpresas do pacote do corte de gastos
O vice-presidente de Economia da ACI, André Momberger, comenta o pacote do corte de gastos anunciado pelo Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na última quarta-feira, 27 de novembro. Em novo vídeo da série Papo de Economia, Momberger afirma que o pacote veio com 'algumas surpresas nada agradáveis'.
Desde o início de setembro, segundo ele, se falava na urgência da apresentação de um plano de corte de gastos tendo em vista a perigosa trajetória do déficit público, apesar de o arcabouço fiscal prometer déficit zero em 2025 e 2026. De lá até para cá, diversas sinalizações foram feitas até que, em rede nacional, Haddad anunciou o tão esperado corte de gastos, mas – para a surpresa de todos - priorizou a isenção de imposto de renda para quem recebe até cinco salários. O dinheiro para cobrir a isenção, estimada em R$ 40 bilhões, virá da tributação de quem recebe acima de R$ 50 mil mensais.
“O Brasil não perde a oportunidade de perder uma oportunidade”, diz Momberger. O corte de até R$ 70 bilhões até 2026 teria impacto positivo, apesar de não ser suficiente, mas o governo federal anunciou o que considera algo completamente inadequado para o momento econômico.
O mercado financeiro reagiu imediata e negativamente. A taxa de juros futuros, que é referência para o custo do dinheiro, isto é, indica o juro real, bateu na casa de 14%. O dólar, depois de muitas especulações, chegou R$ 6,00 e a bolsa de valores, que é outra referência importante da saúde da economia, caiu para menos de 100 mil pontos. O Ibovespa acumula queda de 24% no ano, enquanto o S&P, principal índice da bolsa norte-americana, tem alta de 25%, o que faz com que os investidores internacionais prefiram direcionar seus investimentos aos Estados Unidos.