Atualização do mercado

Por ACI: 10/03/2025

Nesta edição, avaliamos o comportamento dos principais índices globais, com destaque para a volatilidade nos mercados asiáticos e a recuperação gradual das bolsas europeias. Analisamos também as recentes decisões de política monetária do Federal Reserve e seus impactos nos mercados emergentes. Apresentamos ainda projeções atualizadas para inflação, taxa de câmbio e crescimento do PIB brasileiro para o próximo trimestre, considerando o cenário de incertezas geopolíticas e a dinâmica dos preços de commodities.

Mercados globais: retrospectiva

Indicadores dos EUA
Economia em expansão, mercado de trabalho robusto. O PMI de manufatura superou as expectativas (52.70 vs 51.60), enquanto o desemprego manteve-se abaixo de 4%. Wall Street registrou ganhos consistentes, impulsionado pelo setor de tecnologia e pela expectativa de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve.

Zona do euro
Redução da taxa de juros pelo BCE. A inflação na região continua em trajetória de esaceleração (2.40%), aproximando-se da meta de 2%. A economia apresenta sinais mistos, com o setor de serviços crescendo enquanto a indústria enfrenta desafios. O euro manteve-se estável frente ao dólar após os anúncios de política monetária.

China
Foco no estímulo ao consumo doméstico. O governo anunciou pacote de medidas para impulsionar o mercado imobiliário e aumentar a confiança do consumidor. O Banco Popular da China implementou cortes nas taxas de juros e reduziu o compulsório bancário. Índices como o Shanghai Composite e Hang Seng apresentaram recuperação moderada após medidas de estímulo econômico.

Perspectivas globais

Inflação nos EUA
Atenção aos dados de inflação americana. Expectativa de novos aumentos nas taxas de juros pelo Federal Reserve para controlar a pressão inflacionária. Impacto potencial nos mercados emergentes e nas commodities globais.

Zona do euro
Produção industrial e afrouxamento monetário. Banco Central Europeu sinaliza continuidade de política monetária acomodatícia. Desafios estruturais persistem em economias como Itália e Espanha, enquanto Alemanha e França mostram sinais de recuperação.

China
Dados de inflação ao consumidor. Política de crescimento econômico do governo chinês focada em estímulos fiscais. Impactos da recuperação econômica chinesa nos preços globais de matérias-primas e nas cadeias de suprimentos mundiais. O cenário global apresenta desafios e oportunidades distintas para investidores. A coordenação entre políticas monetárias das principais economias será determinante para a estabilidade dos mercados financeiros nos próximos meses.

Mercados brasileiros: retrospectiva

Renegociação de dívidas
Impacto financeiro da renegociação da dívida dos estados com a União. Novo projeto visa equilibrar as contas estaduais e reduzir a pressão fiscal, promovendo sustentabilidade financeira a longo prazo. Expectativa de redução de juros e ampliação de prazos para pagamento.

Inflação de alimentos
Medidas para conter a inflação de alimentos incluem intervenções no mercado e incentivos à produção agrícola local. Banco Central mantém política de juros elevados para controlar pressões inflacionárias. Monitoramento constante dos preços de commodities agrícolas no mercado internacional.

Política tarifária
Diálogo com os EUA sobre tarifas comerciais e possíveis acordos bilaterais. Negociações em andamento para redução de barreiras e ampliação do comércio entre os países. Foco em setores estratégicos como agronegócio, manufatura e tecnologia para melhorar a balança comercial brasileira.

PIB Brasileiro

Crescimento de 2024
PIB cresce 3,4% em 2024, superando as projeções iniciais de 2,9% e demonstrando a resiliência da economia brasileira frente aos desafios globais.

Setores em destaque
Serviços e indústria impulsionam o crescimento com expansão de 3,8% e 3,1% respectivamente. O setor de serviços representa 70% do PIB nacional.

Consumo das famílias
Crescimento do consumo das famílias atinge 3,6%, sustentado pela queda do desemprego e pelo aumento real da massa salarial, fortalecendo o mercado interno.

Investimentos
Formação bruta de capital fixo aumenta 5,2%, indicando confiança renovada dos empresários. Destaque para os setores de infraestrutura e energia.

Comércio exterior
Exportações crescem 4,7%, impulsionadas pelo agronegócio e commodities. Balança comercial continua positiva, contribuindo para a estabilização da economia.

Mercados brasileiros: perspectivas

Análise das principais tendências econômicas e fatores que influenciarão o mercado brasileiro nos próximos meses.

Cenário externo
Atenção à política comercial de Trump e possíveis impactos nas exportações brasileiras. Juros americanos também influenciarão fluxo de capital.

IPCA
Inflação pressionada no primeiro semestre devido a fatores sazonais e reajustes de preços administrados. Expectativa de moderação apenas no segundo semestre.

Política
Expectativa para o crédito consignado e novas medidas de estímulo econômico. Reformas estruturais seguem no radar dos investidores como catalisadores potenciais.

Taxa Selic
Banco Central sinaliza possível aumento da taxa básica para conter pressões inflacionárias. Impacto esperado no mercado de renda fixa e variável.

Bolsa
Ibovespa com perspectiva positiva para setores ligados a commodities. Empresas exportadoras podem se beneficiar da desvalorização cambial. Fatores de risco incluem volatilidade cambial, pressões inflacionárias persistentes e incertezas no ambiente político doméstico e internacional.

Taxa de desemprego nos EUA

A taxa de desemprego nos EUA foi de 4,1% em fevereiro, acima da expectativa do mercado de 4,0%. Desde maio de 2024 a variação permanece no intervalo entre 4,0% e 4,2%, demonstrando relativa estabilidade.

Esta resiliência do mercado de trabalho americano ocorre apesar das pressões inflacionárias e da política monetária restritiva do Federal Reserve. Os dados do Bureau of Labor Statistics  mostram que a economia americana continua gerando empregos, embora em ritmo mais moderado do que nos anos anteriores.

Setores como serviços, saúde e tecnologia continuam liderando a criação de empregos, enquanto setores como manufatura apresentam desempenho mais discreto. A estabilidade na taxa de desemprego tende a dar ao Federal Reserve mais confiança em seu plano de redução gradual das taxas de juros ao longo de 2025.

Para investidores brasileiros, a estabilidade do mercado de trabalho americano traz implicações importantes: os juros americanos devem permanecer relativamente altos por mais tempo, o que pode influenciar o fluxo de capital para mercados emergentes como o Brasil.

Inflação na área do euro

A inflação ao consumidor na área do euro desacelerou para 2,4% no acumulado em 12 meses até fevereiro, ante 2,5% registrado em janeiro. O núcleo da inflação também apresentou a mesma tendência. Esse recuo, embora modesto, representa um alívio para o Banco Central Europeu (BCE), que vem monitorando atentamente o comportamento dos preços para determinar o momento adequado para ajustes na política monetária.

A trajetória de longo prazo, entretanto, mostra uma tendência de aceleração desde fevereiro de 2024, quando a inflação estava em apenas 1%. Os setores que mais contribuíram para a inflação recente foram energia e alimentos, enquanto serviços apresentaram uma pressão mais moderada. Economistas preveem que a taxa deverá permanecer próxima à meta de 2% do BCE ao longo do segundo semestre de 2025, criando condições mais favoráveis para possíveis cortes nas taxas de juros.

A convergência da inflação em direção à meta oficial é crucial para a estabilidade econômica na zona do euro, especialmente considerando os desafios de crescimento enfrentados por economias importantes como Alemanha e França.

Decisão do BCE

Redução da taxa
O Banco Central Europeu reduziu a Taxa de Facilidade de Depósito em 25 pontos-base, de 2,75% para 2,50% a.a. Esta é a segunda redução consecutiva este ano, indicando uma postura menos restritiva da política monetária.

Perspectivas da inflação
A decisão foi baseada nos dados recentes que mostram uma tendência de desaceleração da inflação na zona do euro. O BCE espera que a inflação continue a convergir para a meta de 2% no médio prazo.

Incertezas
Persistem incertezas relacionadas às tensões geopolíticas, pressões salariais e volatilidade nos preços de energia. O BCE mantém abordagem dependente de dados para futuras decisões de política monetária.

O Banco Central Europeu reduziu a Taxa de Facilidade de Depósito em 25 pontos-base, de 2,75% para 2,50% a.a. A decisão foi tomada por unanimidade pelo Conselho do BCE, refletindo o consenso sobre a necessidade de ajustar a política monetária em resposta às condições econômicas atuais. Christine Lagarde, presidente do BCE, enfatizou que futuras decisões continuarão dependentes da evolução dos dados econômicos e das projeções de inflação.

Crescimento do PIB

PIB brasileiro
PIB cresce 3,4% em 2024, superando as expectativas do mercado que projetavam um crescimento de 2,9%. Este resultado coloca o Brasil entre as economias emergentes com melhor desempenho no período pós-pandemia. A economia brasileira totalizou aproximadamente R$ 11,7 trilhões em 2024, representando uma recuperação significativa após os desafios econômicos dos anos anteriores.

Setores
Serviços e indústria impulsionam o crescimento, com expansão de 4,1% e 3,2%, respectivamente. O setor de serviços, que representa cerca de 70% da economia brasileira, foi beneficiado pela recuperação do consumo das famílias e pelo aumento do turismo doméstico. O setor industrial mostrou recuperação consistente, especialmente nos segmentos de transformação e construção civil. Já o agronegócio cresceu 2,8%, contribuindo de forma moderada para o resultado geral.

O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 0,2% no quarto trimestre de 2024, frente ao terceiro trimestre do mesmo ano. Apesar da desaceleração no último trimestre, o resultado anual foi considerado robusto pelos economistas. 

Fatores como o controle da inflação, redução gradual da taxa de juros e recuperação do mercado de trabalho contribuíram para o desempenho positivo da economia. As perspectivas para 2025 indicam continuidade do crescimento, embora em ritmo mais moderado, com projeções entre 2,3% e 2,5%.

Projeções econômicas*
Cenário Base        2024    2025    2026
PIB var                  3,4%     2,2%     1,5%
Inflação (IPCA)       4,8%    5,6%    4,0%
Taxa Selic            12,25%  15,25%11,50%
Desemprego          6,8%    7,4%    8,0%
Câmbio (R$/US$)    6,19    6,00    5,90
*Fonte: BB Assessoramento Econômico - bb.com.br/analises

Irani Lassen / SNA Advogados Associados

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