"Com coragem e inovação, imigrantes alemães criaram uma das regiões mais prósperas do país", diz historiador

Por ACI: 26/07/2024

O Prato Principal que a ACI realizou na última quinta-feira, 25 de julho, celebrou os 200 anos da imigração alemã no Rio Grande do Sul com comida típica, brinde, exposição de itens relacionados à cultura alemã, música, informações inéditas e exaltação à capacidade de recomeçar do Vale do Sinos. O evento foi conduzido pelo presidente, Robinson Klein, e pela vice-presidente de Educação e Cultura, Cristine Schneider da Rocha.

Com muitas fotos e detalhes, Rodrigo Luis dos Santos, doutor em história e historiador no Museu Histórico Visconde de São Leopoldo, despertou emoção entre os 148 participantes ao descrever as dificuldades enfrentadas e a capacidade de inovação dos antepassados que chegaram à região em 1824. “Acima de qualquer outro, coragem é o sentimento que melhor define o que os imigrantes alemães tiveram ao deixar sua terra natal e mudar para um país desconhecido, mas cheio de oportunidades para desenvolver os seus ofícios, o que na Europa não estava mais sendo possível devido ao início do processo de industrialização”, disse.

Apesar de muitas promessas não cumpridas, os imigrantes logo identificaram oportunidades de negócios em Porto Alegre e mudaram a realidade econômica e cultural da região, de São Leopoldo à serra. “Perceberam que faltavam muitas coisas e passaram a produzir botas, itens de marcenaria e outros produtos que eram vendidos naquele que era um dos cinco municípios da então Província de São Pedro do Rio Grande do Sul, o que marcou o início da atividade industrial na região”, disse o palestrante. Dez anos depois, a região já era uma força econômica, com a presença de oficinas artesanais, produção de bebidas, pequenas metalúrgicas, curtumes e fábricas de botas, entre outras ‘indústrias’.   

“O desenvolvimento foi tão expressivo que, em 01º de abril de 1856, São Leopoldo emancipou-se de Porto Alegre e tornou-se um dos municípios mais fortes na economia do Rio Grande do Sul e do Brasil na época”, revelou o historiador.

A contribuição dos imigrantes alemães e seus dependentes também compreende a importância da educação, como as escolas confessionais criadas em diferentes locais dos atuais municípios de São Leopoldo e Novo Hamburgo, entre outros, que se mantêm ativas. As feiras livres para a venda de produtos são outro exemplo. A primeira foi realizada em 1924, em Novo Hamburgo, com grande importância para o comércio e a indústria locais e impulso à consolidação do município, criado em 1927.

Novo Hamburgo, com a emancipação, tornou-se uma espécie de 'ilha cercada de São Leopoldo' até 1940, conforme o palestrante. Santos também destaca a criação de sociedades culturais, recreativas e esportivas, que logo se espalharam para outros locais. “Os imigrantes criaram novas formas de organização comunitária e, muitas vezes, deixaram de lado as diferenças para se unir em torno de iniciativas que beneficiassem a coletividade. Foi, assim, por exemplo, na compra de ações da uma ferrovia, a quinta do país, ligando, inicialmente, São Leopoldo a Porto Alegre, que permitiu que os produtos chegassem mais rapidamente aos clientes, até então abastecidos através do Rio dos Sinos”.

Usinas hidrelétricas    

As primeiras usinas hidrelétricas do RS também foram criadas pelos imigrantes alemães. Estão localizadas nas cascatas de São Miguel e do Herval e, por abastecerem com energia casas e indústrias, geraram disputa territoriais entre Novo Hamburgo e São Leopoldo, que tentavam anexar e mantê-las anexadas, respectivamente, às então vilas de Estância Velha, Campo Bom e Dois Irmãos, que igualmente já eram prósperas.

Recomeço em 2024

Rodrigo Luis dos Santos disse que, tal como os imigrantes alemães que chegaram a São Leopoldo em 1824, a região vive o desafio de recomeçar em 2024, após a enchente. O fenômeno típico do Rio dos Sinos, aliás, foi identificado pelos antepassados, que queriam inicialmente desembarcar na região do atual Parque Floresta Imperial, em Novo Hamburgo. “Estamos em fase de recomeço. Assim como os imigrantes tiveram, nós temos condições de recomeçar. Diferenças existem, mas nossa capacidade de olhar além é maior. Fácil não é, mas para os imigrantes alemães também não foi”, concluiu. 

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