Eleição de Trump pode favorecer setor calçadista
O vice-presidente de Economia da ACI, André Momberger, define como ‘robusta’ a vitória de Donald Trump sobre Kamala Harris nas eleições para a presidência dos Estados Unidos, o principal evento desta semana em nível mundial. “Foi uma vitória efetivamente acachapante dos Republicanos como há muito não se via”, destaca em mais um vídeo da série Papo de Economia.
A principal dúvida, agora, é em relação aos reflexos da vitória na economia dos Estados Unidos. “Na prática, eu não vejo a possibilidade de grandes mudanças com a troca do partido na Casa Branca. Do presidente Ronald Reagan aos dias de hoje, o que se viu foram pequenas variações e, mesmo com a alternância de poder, não houve grandes diferenças. Eu acredito que será assim no próximo governo”, explica.
Trump é um político mais nacionalista e protecionista e, provavelmente, promoverá aumento de tarifas sobre produtos importados, redução de impostos especificamente para a indústria e fortalecimento da moeda americana. Assim, fortalecerá também o modelo econômico dos Estados Unidos, que continuarão sendo pujantes com sua própria economia lhes dando sustentação.
Momberger destaca que a taxa de juros tende a manter o ciclo de alta, mas o modelo proposto traz consigo a alta da inflação porque, à medida que sejam taxados especialmente produtos chineses, que parecem ser um alvo bastante provável do presidente Trump, acabará gerando inflação, que foi o grande calcanhar de Aquiles nos últimos três anos e um dos principais responsáveis pela perda das eleições pelos Democratas.
O Brasil pode se beneficiar no segundo mandato de Trump, inclusive o Vale do Sinos, polo exportador de calçados, especialmente devido a uma possível maior pressão sobre produtos asiáticos. Ao mesmo, tempo, um dólar mais forte também favorece o modelo exportador da região. A vitória de Trump é melhor para a economia brasileira, mas as mudanças serão poucas, na avaliação do vice-presidente da ACI. “Quase não serão percebidas no curto prazo, mas serão boas para a economia americana, que vai continuar crescendo e, sendo assim, acabará puxando o restante do mundo junto consigo. O Brasil, inclusive”, finaliza André Momberger.