Empresas inovadoras e antifrágeis

Por ACI: 14/08/2024

Por décadas, empresas tomaram decisões com base em escolhas simples: ser maior ou mais lucrativa? focar em custo ou qualidade? Expandir ou gerar caixa? Essa dialética faz parte de um modelo em que as empresas tinham poucas escolhas a fazer, em um jogo de regras limitadas. 

Agora, há múltiplos cenários possíveis, complexos e multivariáveis. Não há escolha única entre bom, ruim, certo ou errado. A complexidade e a ambiguidade tiram o chão dos tomadores de decisão: Decidem hoje e amanhã o mercado mudará, levando-os à novas decisões, por vezes antagônicas.

Para empresas acostumadas à estabilidade, isso é paralisante. Impossível acompanhar como expectador às transformações enquanto cadeias tradicionais se desfazem rapidamente, previsões caem por terra e certezas são questionadas. Todas as configurações de cenários tornam-se viáveis e, uma vez adaptada a uma novidade, outra a ultrapassará.

A velocidade é a grande mudança e, em um cenário de acelerado, a incerteza é a única constante. Impor velocidade, construir experiências centradas no consumidor e tomar decisões estratégicas baseadas em dados é fundamental para qualquer empresa inovadora. Mas ser veloz não é sobre ser o primeiro a partir e, sim, o primeiro a alcançar com fôlego o estágio que permita iniciar a próxima rodada.

Vemos, em uma direção, organizações que nasceram digitais criarem produtos e experiências surpreendentes com muita rapidez. Em outra, companhias tradicionais que precisam modificar estruturas planejadas para previsibilidade e aversão ao risco. No meio, um consumidor cada vez mais exigente e empoderado.

A velocidade está intrinsecamente ligada à capacidade de aprender e à agilidade para corrigir rumos. E só a detém quem estiver apto a conhecer e atender seu cliente. Não há mais espaço para supor o comportamento do consumidor e criar uma solução complexa para atender todas as suas necessidades de uma só vez. Esse processo é lento, ineficiente e custoso e, quando atingido, estará defasado.

É essencial entender profundamente perfis e hábitos do consumidor, medir resultados e melhorar entregas continuamente para sair fortalecido a cada interação. Depois de descobrir e entender as necessidades, desenvolver o produto ou serviço e testá-lo rapidamente, aprimorando-o ininterruptamente à medida que novos dados são gerados e analisados.

Há basicamente duas direções extremas: transformar-se completamente ou resistir a novos modelos de negócio.

As empresas precisam se fortalecer de forma dinâmica, desenvolver sua antifragilidade, que é o exato oposto da fragilidade e nunca um sinônimo perfeito de resiliência ou robustez.

Costumamos ver resiliente ou robusto como antônimos de frágil, mas nessa proposição é mais adequado às empresas tornarem-se antifrágeis, desenvolvendo a capacidade de resistir aos choques e aprender com eles, tornando-se melhores. Pressupõe crescer e aprimorar-se em resposta ao estresse, volatilidade e desordem, em oposição à fragilidade, que sugere que algo se deterioraria ou quebraria em condições equivalentes.

É como um atleta que desenvolve musculatura e testa novas técnicas e a cada nova série de exercícios e experiências, apesar de sentir dor e nem sempre acertar, fica melhor e mais forte e aprende como alcançar novos patamares em seu esporte.

Rodrigo Koetz de Castro
Integrante do Comitê de Inovação e Tecnologia

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