"Fazer jornalismo no Brasil, hoje, é desafiador", diz Guilherme Baumhardt

Por ACI: 29/04/2021

O jornalista Guilherme Baumhardt, gerente-geral da Rádio Guaíba, afirmou durante o Prato Principal desta quinta-feira, 29, que fazer jornalismo no Brasil, hoje, é uma atividade desafiadora diante da polarização entre esquerda e direita, das tentativas de interferência política ou econômica sobre o trabalho de profissionais e empresas de comunicação e do risco de ações judiciais.

“Nunca antes havíamos registrado um nível tão alto de temperatura e pressão como agora”, disse em referência ao conflito entre simpatizantes e contrários ao governo federal e o debate crescente (e geralmente agressivo) em torno das eleições presidenciais de 2022.

Baumhardt enfatizou que alguns setores da imprensa têm clara preferência pela ideologia de esquerda e manifestam-se nitidamente contrários às ações do governo federal e, especialmente, às atitudes do presidente Jair Bolsonaro, a quem acusam de ser negacionista (como no caso da pandemia de Covid-19) e uma ameaça à democracia.

“Não sou contra a que a imprensa se posicione, como ocorre na Europa, por exemplo, onde as empresas jornalísticas têm linhas editoriais claras e emitem opiniões sobre temas e fatos com naturalidade, mas é preciso ouvir todos os lados para que a população possa formar sua opinião e haver respeito por parte de quem eventualmente discorde”, explicou.

No Brasil, a relação entre imprensa e militância tornou-se mais evidente em 2018, com a eleição de Bolsonaro. De lá para cá, ganhou corpo e tende a ficar ainda mais explosiva à medida que a data do pleito se aproximar.

De acordo com Baumhardt, veículos de imprensa têm regras de conduta e respondem judicialmente por eventuais erros e exageros, como a ação judicial movida pelo empresário Luciano Hang contra uma repórter e o jornal Folha de São Paulo, que o acusavam de patrocinar disparos em massa de mensagens contrárias ao PTnas eleições de 2018.

Eleições de 2022

Para Baumhardt, o Brasil terá caminhos tortuosos até as eleições presidenciais e estaduais de 2022. Em sua avaliação, o jornalismo opinativo, com foco político ou econômico, que faz parte da imprensa brasileira há anos, se tornará ainda mais evidente, dividindo espaço com o chamado jornalismo de narrativa, que se resume à narração de um fato, sem emissão de qualquer espécie de opinião.

“Mais uma vez, o brasileiro votará com o bolso”, disse o gerente-geral da Rádio Guaíba, para quem o vencedor será aquele que melhor souber apresentar aos eleitores indicações positivas de melhoria das condições de vida da população.

Para Baumhardt, a polarização é inevitável. Nem Ciro Gomes, Luciano Huck ou Eduardo Leite tem condições de avançar na disputa, que deve ficar mesmo entre Bolsonaro e Lula. “Se o Brasil iniciar um novo ciclo econômico em 2022, a partir das exportações de soja, minério de ferro e outros produtos, Bolsonaro será favorito para vencer. Se, ao contrário, o cenário estiver indefinido e a esquerda vislumbrar possibilidades de vitória, Lula será candidato”, opinou o jornalista.

Em relação ao Rio Grande do Sul, a análise de Guilherme Baumhardt é que, novamente, a esquerda não terá chances de vitória por não ter encontrado um nome à altura do que foram Olívio Dutra e Tarso Genro. “Eduardo Leite quer ser Presidente da República e não deve concorrer à reeleição. Nesse cenário, outros nomes ganham peso, como o general Hamilton Mourão (se vier para o RS e for candidato), Ana Amélia Lemos, Luiz Carlos Heinze e José Ivo Sartori”, concluiu.

Patrocinadores: Sicredi Pioneira e Laboratório Fleming

Apoio máster: Universidade Feevale

Receba
Novidades