Impacto da queda dos juros nos EUA e alta no Brasil

Por ACI: 23/09/2024

A Super Quarta, como o mercado financeiro denomina o dia em que Banco Central dos Estados Unidos e o Banco Central do Brasil decidem como vão ficar as taxas de juros por lá e por aqui, é o tema do comentário do vice-presidente de Economia da ACI.

Conforme André Momberger, a expectativa era um das maiores do ano, principalmente por que aguardava-se uma mudança no ciclo de taxas do principal mercado mundial, após três anos de alta. As projeções indicam que a redução ficariam entre 0,25% e 0,50%, dependendo do impacto que o Federal Reserve queria provocar na economia.

“Alguns dados mostram um certo arrefecimento da economia norte-americana, por isso os membros do Fed (como também é chamado o Banco Central dos Estados Unidos) decidiram por uma redução de 0,5%. Isso, de uma forma geral, teve impacto muito positivo mundo afora, juros menores pressupõem aumento de atividade. Além disso, o dólar um pouco mais fraco favorece a economia brasileira, sobre a qual teve impacto imediato”, explica Momberger.

Por outro lado, no Brasil, a expectativa era de retomada do aumento da taxa de juros. No início do ano, projetava-se ela estaria abaixo de dois digitais, entre 9,5%, 9,25% ou 9%, neste período. Mas, na reunião de setembro, o Banco Central decidiu por um novo aumento.

“A pergunta que todo mundo faz é se faz sentido esse aumento de 0,25% no Brasil, tendo em vista que a principal economia do mundo está baixando 0,5%, a Inglaterra pensa em baixar o mesmo patamar e outras economias também planejam queda das suas taxas de juros?”, indaga o vice-presidente de Economia da ACI.

No âmbito fiscal, na avaliação de Momberger, a alta se justifica porque o Brasil continua ainda sem um controle orçamentário. Ele explica que Isso causa uma certa preocupação, especialmente em relação à inflação, que está muito próxima do texto da banda. A meta é de 3%, com 1,5% de desvio padrão. Ou seja, a inflação pode atingir até 4,5% e ainda estará dentro da meta proposta pelo Banco Central.

O dólar ainda está muito alto, o país registra crescimento acima da expectativa e os níveis de empregos são recordes há dez anos. Nesse cenário, há risco de alta da inflação e o Bacen aumentou a taxa de juros para evitar uma escalada. “Particularmente, eu não achava necessário aumentar, mas os membros do BC, assim como a maioria dos analistas do mercado, decidiram por elevá-la e acreditam ser necessárias ainda duas altas de 0,5%, levando a taxa de juros no Brasil de volta aos 11,75%”, conclui.

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