Mercado financeiro aguarda definições do futuro Governo Federal

Por ACI: 02/12/2022
Foto: Fábio Winter

O V Dinner Talking, realizado na última quarta-feira, 30, com número recorde de participantes, evidenciou a preocupação do meio empresarial em relação ao comportamento da economia brasileira em 2023. Na abertura do evento mensal, a vice-presidente de infraestrutura da ACI, Gladis Killing, agradeceu aos patrocinadores - Sicredi Pioneira, Conexo Logistics e Universidade Feevale - e destacou o objetivo de trazer conteúdo relevante para criar um ambiente favorável à internacionalização das empresas da região.

Primeiro palestrante da noite, o vice-presidente de economia da ACI e sócio-fundador da Focus Invest Assessoria de Investimentos, André Luís Momberger, afirmou que a falta de informações claras em relação ao futuro ministro da fazenda e à política econômica do governo Lula tem efeito sobre o mercado financeiro, como queda no volume negociado na B3, elevação da taxa de juros e alta do dólar, além da suspensão de investimentos por parte das empresas.

Conforme Momberger, há três cenários possíveis para a equipe econômica: perfil à esquerda, com o novo ministro sendo um político ou um economista ligado ao PT; de centro, com um economista liberal à frente da pasta, e liberal, com uma ‘equipe econômica dos sonhos’, como ele define. “Fala-se em Pérsio Arrida e André Lara Resende, que são economistas respeitados e com uma visão fiscal séria. E também em Henrique Meirelles. É improvável que ele seja o escolhido para comandar a economia nos próximos quatro anos, mas seu nome ainda está na mesa”, disse.

Sem uma definição, os investidores internacionais reduzem o fluxo de capitais para o Brasil. Uma eventual indicação do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, para a fazenda pode ser bem-recebida pelo mercado, conforme Momberger. Mas o vice-presidente de economia da ACI acrescenta que o Comitê de Política Monetária (Copom) continuará vigilante e, seja quem for, o novo ministro da fazenda terá muitos desafios pela frente, como conter gastos, controlar a inflação e adotar medidas para estimular o crescimento econômico, que está projetado para 2,8% em 2022 e apenas 1% em 2023.

Economia global

Para a economia global, André Momberger prevê desaceleração devido aos riscos geopolíticos persistentes. “Os países desenvolvidos vão ter que continuar subindo os juros para conter as pressões inflacionárias”, explica. Ao contrário do Brasil, que iniciou cedo o ciclo (de subida dos juros), outros países estão no meio do processo, o que causa desaceleração das principais economias mundiais, explicou Momberger, para quem o risco de recessão na Europa e nos Estados Unidos e, especialmente, a desaceleração na China terão impacto em todo o mundo no próximo ano.

Na avaliação do vice-presidente de economia da ACI, o cenário global apresenta fatores positivos e negativos para o Brasil. Entre os positivos, a mudança geopolítica (guerra Rússia X Ucrânia, por exemplo), a boa imagem de Lula no exterior e a retomada ambiental podem abrir novas oportunidades comerciais para produtos brasileiros no mercado internacional. De outro lado, os negativos são a possibilidade de a guerra fugir do controle, a inflação persistir, a alta dos juros continuar e a recessão ser maior do que se prevê.

Monitorar o mercado

Na segunda palestra, o diretor de Máquinas Erps, Marlos Schmidt, destacou a necessidade de os empresários monitorarem o comportamento do mercado e identificarem fatores (gatilhos, como ele define) para a tomada de decisões em seus negócios e a mudança de cenário. E citou informações de conselhos técnicos de entidades em que atua, como a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs), como base para uma visão positiva dos negócios em 2023.

“Teremos no Rio Grande do Sul muitos investimentos em educação profissional que vão beneficiar o setor empresarial nos próximos anos”, disse. Algumas das novidades são um novo laboratório do Sesi em Campo Bom e uma nova escola em Novo Hamburgo com formato inovador de ensino através de projetos e tendo o aluno como protagonista. Já o Senai, conforme Marlos, prepara investimentos no Instituto Senai de Tecnologia em Calçado e Logística de Novo Hamburgo para qualificar mão de obra também para outros setores industriais.

Marlos disse que 2023 será um ano de muito trabalho e muitos embates para as empresas no âmbito da legislação, mas também de oportunidades àquelas que souberem se diferenciar e atuar em conjunto em suas cadeias de suprimentos. “Em vez da lógica da escassez, precisamos colocar em prática a lógica da abundância, que valoriza o associativismo, as novas visões e a troca de ideias para potencializar o que já existe e desenvolver novidades. Por tudo isso, sugiro muita moderação ao otimista e muita energia ao pessimista para fazer de 2023 um ano de conquistas”, finalizou.

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