Missão aproxima RS e Portugal para parcerias e negócios

Por ACI: 24/09/2024

A cultura gaúcha e a portuguesa têm muita similaridade e o setor calçadista dos dois países pode ter ganhos com a troca de experiências e a coopetição. Além disso, fundos europeus dispõem de € 4,5 bilhões para investimentos, recursos que podem ser captados até 40% a fundo perdido e taxa de até 3% ao ano. Portugal, que é uma porta de entrada na Europa, precisa de projetos, produtos e serviços em várias áreas, como tecnologia de informação, hotelaria e turismo e máquinas e equipamentos, que indica excelentes oportunidades às empresas gaúchas.

O diretor da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do RS (Sedec) e ex-presidente da ACI Diogo Leuck avalia como excelentes os resultados da missão empresarial que esteve em Portugal na semana passada, onde cumpriu dois dias de agendas intensas.

A missão atendeu a convite da direção do Banco BNI Europa, com sede em Lisboa, que esteve no Vale do Sinos em março, quando visitou a ACI, a Feevale e empresas. O BNI tem interesse em intermediar negócios de empresas brasileiras nas áreas calçadista, hotelaria e tecnologia, entre outras. O CEO, Vitor Barosa, recebeu a missão no Centro de Negócios do Porto do BNI para apresentação das possibilidades de parcerias e negócios em Portugal e outros países.

No mesmo dia, 18, quarta-feira, os representantes de empresas do Vale do Sinos e do Governo do Estado do Rio Grande do Sul visitaram duas indústrias de calçados na cidade de Felgueiras, Capital Portuguesa do Calçado. O Grupo Carité obteve faturamento do € 50 milhões em 2023. Em sete fábricas próprias, emprega 700 funcionários. O CEO Reinaldo Teixeira, que abriu sua primeira fábrica aos 18 anos, atualmente é vice-presidente da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e seus Sucedâneos (APICCAPS) e presidente do Centro Tecnológico do Calçado Português. Diogo Leuck efetuou a entrega de um exemplar do livro Aos Seus Pés, que relata a história do Museu Nacional do Calçado de Novo Hamburgo, para Teixeira.

Já o Grupo Bolflex produz 15 mil pares de sola ao dia. Uma das mais modernas fábricas de solas da Europa, emprega 180 funcionários e obteve faturamento de € 16 milhões com a produção de solas. A produção é verticalizada: a empresa faz o desenvolvimento e produz desde os moldes até a sola. O grupo também tem duas unidades de reciclagem, onde recicla 90% do pneu e usa a borracha reciclada para fazer solas. Usa alta tecnologia e controle extremo dos processos. Todas as máquinas da fábrica estão conectadas, permitindo saber, em tempo real, a produtividade, as perdas e a qualidade. Além disso, o sistema bloqueia operações cujos indicadores não estão sendo atingidos, como perdas excessivas.

No mesmo dia, o grupo visitou a Associação Comercial do Porto, no Palácio da Bolsa. A recepção foi comandada pelo presidente da ACP, Nuno Botelho, que acompanhou os gaúchos na visita guiada ao palácio, incluindo o Magnífico Salão Árabe.

Museu Português do Calçado

No dia seguinte, quinta pela manhã, a missão visitou o Museu do Calçado de Portugal, em São João da Madeira. A visita institucional visava, além da aproximação cultural entre RS e Portugal, a troca de experiências e promoção comercial calçadista. “A cultura gaúcha e a portuguesa têm muita similaridade e o setor calçadista pode ter ganhos mútuos com a troca de experiências e coopetição”, explica Leuck.

Na visita, em agradecimento à receptividade, Leuck entregou exemplar do livro Aos Seus Pés à curadora Sara Paiva. Em contrapartida, recebeu um exemplar do livro do Museu Português do Calçado. “Combinamos de separarmos uma peça que retrate cada década da história do calçado gaúcho e enviá-las em doação ao Museu Português para que lá tenham também parte da nossa história”, acrescenta.

O Museu Português conta com cerca de 8 mil peças de calçado, além de cerca de 2 mil outros artefatos que retratam a história do calçado de Portugal. O Museu de NH conta hoje com cerca de 3,5 mil peças. O Museu Português recebe apoio massivo da prefeitura local, como cedência de funcionários e local, além de doações de peças da comunidade empresarial.

Reunião no World Trade Center Lisboa

De volta a Lisboa, os integrantes da missão brasileira foram recebidos pela direção do World Trade Center Lisboa, um dos mais recentes centros de negócios português. Estiveram presentes Diogo Leuck, Luciano Menezes, presidente do WTC, Carlos Rocha, diretor da CIGAM, José Magro, co-presidente do WTC, Paula Schwan, gestora de operações da Rede Swan Portugal, Roger Pozzi, diretor da Sedec RS, e Juliano Mapelli, executivo do Sindicato das Indústrias de Calçados e Componentes de Três Coroas/RS, além de Christian Thomas, conselheiro do Pacto Calçadista.

Na reunião, foram apresentados os serviços que o WTC oferece para promover a internacionalização das empresas. “Há muitas oportunidades para desenvolvimento de novos negócios no RS através de investimentos europeus”, afirma Diogo Leuck. Conforme ele, a Agência Invest RS terá importância fundamental na captação de novos investimentos e desenvolvimento dos negócios gaúchos na Europa.

O WTC recebe duas missões por semana, inclusive do Brasil. Três pilares são foco: locação de espações, clube de negócios e internacionalização de empresas. Há há 320 WTCs em todo o mundo, sendo 88 na Europa e 56 na América Latina. Em Portugal, o WTC está há dois anos e oferece 120 mil metros quadrados de área construída para acolher empresas e outros negócios, com capacidade total de 3,5 mil pessoas circulando por dia nas suas torres. No ano passado, recebeu os governadores de SC, PR e PB em missões empresariais que conectaram negócios destes estados ao mercado europeu.

€ 4,5 bilhões para investimentos

Também em Lisboa, os gaúchos visitaram a sede do BNI Europa e realizaram reunião com a IM Gestão de Ativos, maior gestora não bancária de fundos de Portugal. A empresa dispõe de € 4,5 bilhões, em cerca de 32 fundos, para investimentos, sendo que Portugal só acessa 30% da oferta por falta de projetos. “Pode-se captar até 40% dos recursos a fundo perdido e com taxa de até 3% ao ano", afirma Leuck. Portugal, além de ser porta de entrada para Europa, precisa de projetos, produtos e serviços em várias áreas, destacando-se área de tecnologia e Informação, hotelaria e turismo, máquinas e equipamentos. A IM Gestão de Ativos ainda pode conectar produtos e serviços de empresas do segmento de máquinas e equipamentos, principalmente do agro, com países do Norte da África que investem para produzir produtos destinados à Europa.

Donativos ao RS

Aos integrantes da missão empresarial, o Embaixador do Brasil, Raimundo Carreiro, disse que Portugal enviou mais de 300 toneladas de donativos ao RS e solicita que o governador Eduardo Leite agradeça a todos os portugueses e brasileiros que vivem em Portugal pelo apoio. O embaixador também irá conectar a Sedec RS com o presidente da Câmara Luso Brasileira de Comércio, a fim de apoiar ainda mais os negócios entre Portugal e RS.

 

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